6- A MEDITACAO

 Pergunta: Todos os professores aconselham a meditar. Qual é o propósito da meditação? 

Maharaj: Conhecemos o mundo exterior das sensações e dos atos, mas sabemos muito pouco de nosso mundo interior de pensamentos e sentimentos. O propósito primário da meditação é tornar-nos conscientes de nossa vida interior e familiarizar-nos com ela. O propósito final é alcançar a fonte da vida e da consciência. A propósito, a prática da meditação afeta profundamente nosso caráter. Somos escravos do que não conhecemos e mestres do que sabemos. Qualquer vício ou debilidade que descubramos em nós, e o compreendamos em suas causas e mecanismos, será vencido pelo mero fato de o conhecer; o inconsciente se dissolve quando é trazido ao consciente. A dissolução do inconsciente libera energia; a mente se sente adequada e fica quieta. 

P: Qual é a utilidade de uma mente quieta? 

M: Quando a mente está quieta, chegamos a conhecer-nos como a pura testemunha. Nos retiramos da experiência e do experimentador, e nos mantemos à parte na pura Consciência, a qual fica entre e além de ambas. A personalidade, baseada na auto identificação, em imaginar que se é algo - ‘Eu sou isto, Eu sou aquilo’ continua, mas apenas como uma parte do mundo objetivo. Sua identificação com a testemunha se rompe. 

P: Posso compreender que vivo em muitos níveis, e a vida em cada nível requer energia. O Eu, por sua própria natureza, delicia-se em todas as coisas, e suas energias fluem para fora. O propósito da meditação não é represar as energias nos níveis superiores, ou empurrá-las para trás e para cima para permitir que os níveis superiores também prosperem? 

M: Não é tanto uma questão de níveis, mas de gunas (qualidades). A meditação é uma atividade sattvica e se propõe à completa eliminação de tamas (inércia) e rajas (mobilidade). Puro sattva (harmonia) é a perfeita libertação da inquietação e da preguiça. 

P: Como fortalecer e purificar sattva? 

M: Sattva sempre é puro e forte. É como o sol. Pode parecer que está obscurecido por nuvens e pó, mas apenas do ponto de vista do percebedor. Trabalhe com as causas do obscurecimento, não com o sol. 

P: Qual é a utilidade de sattva? 

M: Qual é a utilidade da verdade, da bondade, da harmonia, da beleza? Elas são suas próprias metas. E se manifestam espontaneamente e sem esforço quando as coisas são deixadas a si mesmas, quando não se interfere com elas, nem são evitadas ou desejadas, ou conceituadas, mas experienciadas em plena Consciência. Tal Consciência é sattva. Ela não usa as coisas ou as pessoas - dá a elas plenitude. 

P: Como eu não posso melhorar sattva, devo trabalhar só com tamas e rajas? Como devo fazê-lo? 

M: Observando sua influência em você e sobre você. Seja consciente deles quando estão operando, observe suas expressões em seus pensamentos, palavras e ações, e gradualmente a atração sobre você diminuirá, e a clara luz de sattva emergirá. Não é um processo nem difícil nem prolongado; a seriedade é a única condição para o êxito.

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